emblema da Universidade de Colonia com a imagem dos 3 reis magos

ANAIS

Prof. Dr. phil. Antonio Alexandre Bispo

Emblema da Academia Brasil-Europa ABE -Instituto de Estudos da Cultura Musical do mundo de língua portuguesa ISMPS
Prof.Dr.Antonio Alexandre Bispo. Universidade de. Colonia. Presidente da Academia Brasil-Europa. Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa ISMPS

Brasil na Música Sacra

Música Sacra no Brasil


PROGRAMA DE ESTUDOS CULTURAIS E MUSICOLOGIA

PELOS 50 ANOS DE TRABALHOS INTERNACIONAIS

Emblema do movimento Nova Difusão e do Centro de Pesquisas em Musicologia. Program de estudos culturais e de musicologia pelos 50 anos de trabalhos internacionais Brasil na Música Sacra e Música Sacra no Brasil

Brasil na Música sacra / Música sacra no Brasil é temática que vem sendo desenvolvida desde a década de 1960 no Brasil e desde 1974 na Europa. É tratada sob perspectiva estritamente científica, não religiosa ou confessional. Inscreve-se em projeto de desenvolvimento de estudos culturais tendo a música como princípio condutor e, reciprocamente, de uma musicologia orientada segundo análises de processos em contextos globais.


Duas são as perspectivas que determinam os estudos: a do Brasil na Música sacra e a da Música sacra na Brasil.


O Brasil na Música sacra


Nos estudos referentes ao Brasil na Música Sacra, procede-se do geral para o particular. As considerações partem de uma posição centralizada na Igreja, que se conpreende como universal, da legislação sacro-musical, da teologia, da história cristã e eclesiástica, da missiologia, dos estudos de música sacra em geral. 


Essa é a perspectiva de religiosos e missionários que atuaram no Brasil desde o seu Descobrimento à época da expansão européia. É a perspectiva das autoridades eclesiásticas e ordens religiosas européias de correntes restaurativas dos século XIX e XX. A atenção dos estudos volta-se às convicções, fundamentações, visões, valores, critérios, concepções de sacralidade e de função da música no culto, em práticas religiosas e na vida espiritual que conduziram procedimentos. Estes dizem respeito à propaganda como se expressa na designação Propaganda Fide e em intuitos e ações de conquista espiritual, de cristianização ou evangelização. O foco das análises diz respeito primordialmente ao emissor em processos culturais.


A Música sacra no Brasil


Nos estudos que tratam da música sacra no Brasil, procede-se do particular ao geral. As considerações partem da posição daquele do objeto, da terra que recebeu os navegantes portugueses e religiosos em 1500, cujos nativos foram alvo de cristianização, de missões, de mudanças culturais dirigidas ou espontâneas, estas decorrentes do contato com cristãos que nela se estabeleceram. 


Essa é a perspectiva de pesquisas de fontes documentais da prática musical em igrejas, em reduções, em cidades e regiões do Brasil no período colonial e após a Independência, de compositores e obras, brasileiros ou estrangeiros que vieram atuar no país, de suas inserções em contextos, de sua produção musical e linguagem em relações com tendências e correntes eclesiais e da criação musical de sua época. Essa é a perspectiva em geral de estudos histórico-musicais, de música sacra ou de musicologia conduzidos no Brasil.  O foco dos estudos diz respeito neste sentido primordialmente ao receptor em processos culturais. 


O Brasil na Música sacra & Música sacra no Brasil


Ambas as perspectivas não deve ser consideradas isoladamente. Os processos desencadeados há mais de 500 anos tiveram efeitos, levaram a interações e interferências, a novos desenvolvimentos e reciprocidades. Experiências ganhas no Brasil, constatações e imposições da realidade tiveram consequências, influenciando procedimentos de autoridades e de ordens, reconhecimentos de prioridades, de necessidade de re-orientações quanto a estratégias de procedimentos. 


O Brasil, como tradicionalmente a maior nação católica do mundo, passa a adquirir um significado de alta relevância em contextos globais. Instituições católicas voltadas à América Latina, centros de estudos e museus exemplificam essa recepção de países considerados como de missão na Europa. O que seria historicamente receptor passa a co-determinar o emissor em interações de processos. O que seria apenas objeto passa a desempenhar um papel de sujeito. 


Também a música sacra no Brasil deve deixar de ser apenas tema para estudos musicológicos voltados a regiões extra-européias, institucionalizados de forma não de todo adequada na Etnomusicologia. Deve deixar de ser objeto apenas de menções superficiais, de passagem ou curiosas. Documentos musicais e composições de todas as épocas no Brasil devem ser integradas no patrimônio cultural nas suas dimensões globais e essa tem sido o escopo de iniciativas do programa de estudos. 


Música sacra do Brasil tem estado assim há décadas presente em encontros, simpósios, debates,  conferências e aulas. Obras de compositores brasileiros tem sido executadas em catedrais, mosteiros e igrejas. Durante 25 anos realizaram-se estudos em contextos globais com especial consideração do Brasil em instituto da organização internacional de música sacra (CIMS) vinculada a instituições de Roma.


Essa integração é necessária para ambos os lados, tanto da perspectiva do geral ao particular, como do particular ao geral. Obras e sobretudo expressões de culto e festivas do calendário transmitidas tradicionalmente documentam os efeitos e as consequências de processos iniciados há mais de cinco séculos. Elas abrem novas perspectivas para os estudos. Trazem à luz tradições mantidas através dos séculos e há muito desaparecidas na Europa. Abrem possibilidades de análises de linguagens visuais e sentidos que dificilmente poderiam ser esclarecidos.


Procedimento científico - riscos de ambos os lados


Uma procedimento científico nos estudos culturais e musicológicos voltados à música sacra exige distância quanto a convicções e ideários. Ciência não é propaganda e a pesquisa não deve estar a serviço de proselitismo e indoutrinações. 


O pesquisador, porém, encontra dificuldades em manter a distância e a neutralidade necessárias para análises objetivas de ambos os lados. É obrigado a dialogar e conviver profissionalmente com teólogos, religiosos e autoridades eclesiásticas. É obrigado a consultar fontes em bibliotecas diocesanas, atuar em instituições eclesiásticas e participar em eventos de música sacra. Dificilmente pode manter uma posição distanciada sem ser falso, o que é contrário à transparência e à retidão exigidas pela ciência e que pode levar a comportamentos humanos e éticos reprováveis. Para as suas análises do repertório sacro-musical, de seus sentidos, de relações entre música e texto, de suas funções e intenções, deve dedicar-se a estudos teológicos, hagiográficos e litúrgicos. Trata-se de um dilema que corresponde àquele entre pesquisadores de Ciências das Religiões e teólogos.


Do lado de pesquisa da Música sacra no Brasil, essa problemática tem amplas dimensões. Grande parte do patrimônio histórico musical do país é constituído de obras de música sacra. A produção sacro-musical ultrapassou no passado em significado aquela da música não-religiosa ou secular. A pesquisa de fontes e o seu exame exigem estudos de acervos eclesiásticos ou de antigos músicos de igreja. Criam-se relações pessoais. Esses estudos requerem conhecimentos da história da música sacra na Europa para comparações estilísticas, além daqueles de sentidos teológicos, litúrgicos e da veneração de santos. A imersão no universo cultural do Catolicismo propicia intensificação de religiosidade daqueles afastados da Igreja e mesmo conversões. Para pesquisadores e estudantes não-católicos, surgem problemas de entendimento e de pré-condições quanto à formação.  


A musicologia no Brasil corre o risco de tornar-se primordialmente pesquisa de música sacra e servir à religião. As obras levantadas, reconstruídas ou preparadas para edições e concertos são na sua maioria de música sacra. Essa preponderancia em execuções, gravações e publicações marca consciência histórica, imagem do país e identificações. 


Não se pode assim deixar de trazer sempre à mente que os estudos culturais e musicológicos, se científicos, devem ser conduzidos com a necessária refletividade, voltados à análise de processos, à investigação de condicionamentos culturais, de seus fundamentos e de seus efeitos sócio-psicológicos. Os estudos do Brasil na Música sacra e da música sacra no Brasil devem servir exclusivamente ao progresso dos conhecimentos e ao Esclarecimento. 


Materiais


Adore te devote - Ave Maria - Benção das palmas - Benedictiones - Canto de Verônica - Credo - Jaculatórias das dores - Jaculatórias de São Benedito - Jaculatórias do Espírito Santo - Ladainha - Ladainha de Santa Teresa - Libera me - Mandatum/Lavapés - Maria mater gratiae - Memento/De profundis - Missa - Motetos - Natividade B.M.V. - Novena - Novena de Santa Cecilia - Novena de São José - Novena do Espírito Santo - O Salutaris - Ordinarium - Pange lingua - Proprium - Regina caeli laetare - Requiem - Resurrexit sicut dixit - Rosário/Terço - Sacris solemniis - Salve sancta parens - Semana Santa - Sequencia de Espírito Santo - Sete palavras na cruz - Setenário das dores - Stabat mater - Sub tuum praesidium - Surrexit Dominus vere - Tantum ergo - Te Deum - Tota pulchra es - Tractus - Três horas de agonia - Veni, Sancte Spiritus - Vexilla regis - Zelus domus



Momentos


2016-2024 -Trabalhos de digitalização de fontes de música sacra e análises no Instituto Brasileiro de Estudos Musicológicos

2007 - Música nas Religiões. Seminário Etnomusicológico. Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia

2005 . Música e Hermenêutica. Curso no Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia

2003 - Música e Religião, curso no Seminário de Musicologia da Universidade de Bonn

2002 - IV Simpósio Internacional de tema Hinologia e Ecumenismo. São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Música na Procura de uma Terra sem Males, Campanha da Fraternidade da CNBB

2000 - Ano Bach. Colóquio na Academia Brasil-Europa, Colonia. Apresentação de publicação de pesquisadores brasileiros de música sacra em Maria Laach e colóquio

1999 - Música sacra no Congresso Internacional Música e Visões de abertura do Triênio pelos 500 anos do Brasil. Deutsche Welle e Academia Brasil-Europa.

1998 - Simpósio Internacional Cultura Musical e Espírito: Extremo Oriente e Ocidente. Iniciativa do ISMPS. Centro de Estudos Gil Eanes, Comissão dos Descobrimentos de Lagos

1997 - O papel histórico da música na história missionária na China.Abertura do ciclo de aulas Música no Encontro de Culturas na Universidade de Colonia. Colóquio Internacional de Antropologia Cristã: S. Gonçalo do Amarante em São Paulo. ISMPS e instituições portuguesas

1996 - Encontros e pesquisas do ISMPS na Diocese de Macau por motivo da passagem de Hongkong e Macau à China

1993 - A música em missões no Brasil Central e na Amazônia. Início de projeto em cooperações e.o. com o Conselho Indigenista Missionário

1992 - III Simpósio Internacional: Fundamentos da cultura musical religiosa no Brasil. Rio de Janeiro: Mosteiro de São Bento

1991 - Ano Mozart. O Clássico e o Classicismo na música sacra. 

1989 - II Simpósio Internacional: Tradições Cristãs e Sincretismo no Brasil em cidades do Palatinado e da Renânia. ADVENIAT. Encontros e estudos em Salzburg

1988 - Brasil em seminários etnomusicológicos no Istituto Pontificio di Musica Sacra.

1987 - Música sacra no I Congresso Brasileiro de Musicologia. Situação dos estudos e pesquisas

1986 - Ano Carlos Gomes. Estudos de música sacra no contexto do Mediterrâneo

1985 - Fundação do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS) - estudos de música sacra em contextos globais pela série de rememorações de 500 anos de datas dos descobrimentos. Participação brasileira no Congresso Internacional de Música Sacra em Roma

1984 - Realização da Missa S. Francisco de Sigismund von Neukomm escrita no Rio de Janeiro e dedicada ao Imperador da Áustria por encomenda da Arquiduquesa Dona Leopoldina, principal documento sonoro da Restauração no Brasil

1983 - Tematização da necessidade de estudos de concepções músico-antropológicas nos estudos da América Latina nas suas interações com a Europa dos séculos XVI a XVIII em simpósio internacional promovido por instituições européias em Bruxelas

1982 - Primeira apresentação das Matinas do Pe. José Maria Xavier no Forum Alemanha-Brasil e estudos de relações entre pesquisa musicológica e Educação Musical

1981 - Primeiro Simpósio Internacional Música Sacra e Cultura Brasileira promovido pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo a partir do programa de estudos desenvolvidos para a tese defendida em 1979. Realização de obras inéditas levantadas em pesquisas. Fundação da Sociedade Brasileira de Musicologia

1980 - Primeira coletânea de textos de pesquisadores brasileiros de música sacra e tradições religiosas publicada no Vaticano

1979 - Defesa de tese sobre a música sacra em São Paulo à época do Império na Faculdade de Filosofia da Universidade de Colonia. Participação brasileira no Congresso Internacional de Música Sacra em Bonn e Colonia

1978 - Colóquios de musicólogos e doutorandos sobre a música sacra no Brasil e São Paulo na Música Sacra no Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia

1977 - Início da presença do Brasil no departamento de Etnomusicologia do Instituto de Estudos Hinológicos e Etnomusicológicos com centro de estudos em Maria Laach, vinculado à Consociatio Internationalis Musicae Sacrae e ao Istituto Pontificio di Musica Sacra e em cooperações com o Instituto de Musicologia Comparada da Universidade Livre de Berlim

1976 - Revisões do século XIX na musicologia. Dias da Música de Kassel. A problemática do século da Restauração nos estudos culturais. Colóquios de semiologia Gregoriana com Eleanor Dewey, Centro de Pesquisas em Musicologia de São Paulo na Europa

1975 - 450 anos de Palestrina. Estudos em Roma durante a Semana Santa. Estudos em Mannheim e Salzburg. Encontro na Escola de Música Sacra em Regensburg. Estudos do Cecilianismo e Ultramontanismo.

1974 - Pesquisas de música sacra em ciclo de estudos luso-brasileiros em Portugal. Primeira execução da missa São Pedro de Alcântara de Elias Álvares Lobo em São Paulo. Início dos trabalhos em âmbito internacional. Estudos de Bach e música religiosa evangélica. Johannes-Kantorei em Lüneburg e Escola Superior de Música de Hannover. Início dos estudos e cooperações no Instituto de Musicologia em Colonia com Heinrich Hüschen e Karl-Gustav Fellerer

1973 - Ralização de missa gregoriana com ca. 400 estudantes da Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo. Criação do Coro e Orquestra de Música Sacra Paulista

1972 - Pesquisas na Bahia e no Nordeste do Brasil. Festa de Santo Amaro da Purificação e pesquisa de acervos. Descoberta da Semana Santa de Theodoro Cyro, Mestre-de-capela da Sé de Salvador

1970 - Estudos e diálogos em S. João del Rei pela Semana Santa e no Museu da Música de Mariana. Festival Barroco de São Paulo. Música sacra, estudos coloniais e colonialismo em contextos globais.

1969 - Encontros do Studium Theologicum, Curitiba. Constituição de grupo de estudos de Gregoriano e música sacra em geral do Centro de Pesquisas em Musicologia, São Paulo.

1968 - Centro de Pesquisas em Musicologia (Nova Difusão). Encontro de pesquisadores de José Maurício N. Garcia e exames de fontes. Descoberta dos mais antigos documentos da história da música no Brasil

1967 - A música sacra em irmandades tradicionais em época de reformas pós-conciliares. Inicio de levantamento de fontes documentais. Pesquisas na região do Tietê e em cidades do vale do Paraíba

1966 - A bandeira do Espírito Santo. O Espírito Santo em tradições populares nas suas relações com a música. Curso de Folclore no Conservatório Carlos Gomes, São Paulo. 


 

Os textos considerados neste programa são relatos suscintos   de estudos que vem sendo desenvolvidos em âmbito internacional nos últimos 50 anos a partir de fontes levantadas em pesquisas no Brasil desde 1965. Consideram somente alguns de seus aspectos, tratados de forma sumária. Procurm apenas oferecer uma visão geral de questões tratadas em estudos, encontros e colóquios que antecederam defesa de tese apresentada na Universidade de Colonia em 1979 e desenvolvimentos que a ela se seguiram. Neles mencionam-se obras que não puderam ser publicadas devido a restrições quanto a número de páginas impostas para a sua edição alemã. As fontes musicais encontram-se no Brasil, tendo sido tratadas no Exterior a partir de fotocópias. Essas fontes estão sendo estudadas e deverão ser publicadas por pesquisadores vinculados ao centro de estudos que representa o ISMPS e a ABE no Brasil (IBEM). Após a sua publicação, o acervo estará à disposição de outros pesquisadores. No presente, informações sobre o acervo e cópias de materiais não podem ser fornecidas.